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NA PONTA DO LÁPIS

Afinal, quem sai ganhando no cabo de guerra entre economias e despesas na aposentadoria?

Entrevistamos o consultor Altemir Farinhas sobre gastos da vida de aposentado. Confira aqui informações valiosas e complementares às expostas na revista impressa.

1. Cuidado com mudanças radicais

Quando se pede a alguém que imagine a aposentadoria perfeita, logo vem à mente a imagem de uma rede de praia entre duas palmeiras, tendo à frente uma bela paisagem marítima. Boa parte dos aposentados procura levar esta idealização ao pé da letra e compra uma casa na praia. “Perdem dinheiro”, Altemir garante. “O ideal é, primeiramente, se alugar uma casa na praia e viver lá pelo período de um ano”, aconselha. Para ele, esse tempo é suficiente para o aposentado saber se realmente quer morar no litoral. Essa necessidade surge do fato de que é necessário conhecer o lugar dentro e fora da temporada, pois o ritmo de vida, a concentração populacional, o trânsito, o clima e diversos outros fatores se alteram drasticamente. No verão pode virar um grande tumulto e no inverno um grande tédio. A frustração pode resultar na venda do imóvel, o que talvez desemboque em uma perda financeira. O aluguel é uma forma de testar a nova vida que o aposentado terá no local. E isso vale também para quem quer se mudar para o interior ou vice-versa.

 

3. Aproveite as regalias e interaja 

Acredite: aposentado pode fazer viagens boas e baratas. Companhias aéreas e empresas de turismo costumam assediar bastante o público aposentado, oferecendo a ele ótimas promoções, às vezes com descontos que chegam a 50%. Um cuidado especial é o de que muitos aposentados acabam se isolando, passando a ter menos contato (ou a perder contato) com colegas de trabalho, o que faz com que também não tenham mais companhia para viagens e passeios. Para reduzir esta sensação, Altemir aconselha: “entre, por exemplo, em uma escola de dança e procure atividades que melhorem sua qualidade de vida”, pois assim o aposentado pode conhecer mais pessoas, aumentando, simultaneamente, sua disposição e seu círculo de amizades, o que, consequentemente, resulta em maior estimulo para se fazer viagens. 

5. Use cartão de crédito e caderneta para anotar gastos

O cartão de crédito gera milhagens para se aproveitar e viajar ou utilizar em outros produtos e serviços. Só, é claro, o aposentado precisa utilizá-lo com controle (como, espera-se, o fez durante toda a vida). E anotar despesas sempre é fundamental, não importa se em uma planilha eletrônica ou em uma caderneta com os gastos escritos a mão.


7. Maus hábitos geram despesas futuras 

Fumo, álcool, sedentarismo ou mesmo o trato negligente das finanças pessoais consistem em alguns dos péssimos hábitos que, fatalmente, desembocarão em prejuízos na velhice. E o que é pior: há um ônus maior que não pode ser compensado, o da saúde. Com o físico debilitado e a necessidade de se medicar e comparecer com frequência em consultórios médicos e tratamentos hospitalares, a qualidade de vida decai de tal forma que mesmo uma aposentadoria bem remunerada será frustrante.


"Geralmente as pessoas, quando são

jovens, tendem a imaginar a

aposentadoria como algo distante

demais, negligenciando o assunto e

protelando suas decisões referentes ao

planejamento previdenciário"   

2. Transfira despesas

Se não há como obter receitas, é necessário reduzir despesas. Uma forma de fazer isso é transferindo alguns gastos. Um deles, por exemplo, é o de seguro de vida, o qual pode ser repassado aos filhos, já que os mesmos é que serão os beneficiados em uma eventual fatalidade.


4. Procure fazer mudanças “para menos”


A casa fica grande para o aposentado. Os quartos dos filhos não têm mais uso, o quintal passa a ser um cenário de guerra cada vez que tem de ser limpo, os cômodos precisam ser higienizados e organizados, mas não há mais paciência e disposição para a tarefa. Consequentemente, os gastos com manutenção e consertos pesam e incomodam. Então, o mais sensato é se mudar para uma casa ou apartamento menor. Há flats que, além da maior segurança, oferecem serviços diversos que podem se mostrar muito oportunos, como o de lavanderia. Outro ponto importante: morar no interior é mais econômico do que morar na capital, pois há menos necessidades de deslocamentos com o carro, por exemplo.


6.Interprete alguns gastos como investimento

Lazer, cursos, saúde, academia e atividades que resultem em maior qualidade de vida podem gerar custos em um primeiro momento, mas seus benefícios refletem em longevidade e até em redução de remédios e de visitas ao médico. Portanto, não encare todos os cortes de gastos como salutares. Participar de um curso ou hobby que promova a sociabilização ajuda até mesmo a combater a depressão, pois tiram o idoso da situação de isolamento.

8. Familiares = Aliados

Com a aposentadoria e a velhice, surgem problemas inevitáveis: a memória passa a falhar, os ossos se quebram mais facilmente, a disposição não é mais a mesma. Então, com a proximidade da aposentadoria, o melhor é conversar com os familiares e estabelecer “a nova regra do jogo”, deixando às claras que está se aproximando um momento da vida em que o apoio dos familiares começará a se mostrar mais necessário. Aliás, o ideal é que a própria família possa já debater e organizar este momento por conta própria, sem a necessidade de uma articulação por parte do futuro aposentado.


9. Atenção à contagem regressiva


Qual o momento certo para se começar a pensar em aposentadoria? A resposta é: no primeiro dia de trabalho. Ou até mesmo antes disso, quando se está escolhendo uma profissão. E não é exagero afirmar que, melhor ainda, é poder começar a pensar antes mesmo de se começar a cogitar o que se quer ser quando crescer, pois os pais podem (e devem!) discutir o futuro com seus filhos. Geralmente as pessoas, quando são jovens, tendem a imaginar a aposentadoria como algo distante demais, negligenciando o assunto e protelando suas decisões referentes ao planejamento previdenciário. Porém, essa reflexão vai se tornando cada vez mais inadiável com o passar dos anos. E os últimos cinco que restam para a aposentadoria consistem em uma contagem regressiva importante. Nesse período de “pré-aposentadoria” é importante pensar e testar possibilidades, estudando o que se pretende fazer, onde se quer morar, que deslocamentos de despesas poderão ocorrer com maior ou menor intensidade, dentre outras análises.


10. Concluindo

Altemir ainda faz um último alerta: “aposentadoria é assim: você está na prorrogação, então não é hora de arriscar”. Portanto, crie um negócio próprio apenas se você tiver as habilidades e conhecimentos necessários, pois eles não surgirão espontaneamente nesta fase da vida. “Outra coisa: idosos não podem ser ‘caixas eletrônicos’”, comenta em tom de alerta, já que muitas vezes filhos e netos os percebem como financiadores de mimos e até mesmo de aquisições patrimoniais mais onerosas. Ou seja, aproveite. É a hora e a vez de investir em você.