Clóvis Ricardo Schrappe Borges - Diretor Executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS)
Destruir a natureza é matar aquilo que provê nossos recursos, é
suicídio
Quando se abre mão do cuidado com as áreas naturais, pior se torna o provimento de serviços ambientais prestados por elas. O conjunto de relações entre fauna, flora, terra, água e demais elementos é como um motor, sendo que, ao se afetar um dos componentes, o mecanismo todo entra em risco. Somos providos por serviços ambientais, como a polinização na agricultura e o fornecimento de recursos hídricos. A natureza dá tudo de graça, mas conservá-la custa. Estamos depredando o planeta de forma muito acelerada. E se destruirmos a máquina que nos provê recursos, não teremos como substituí-la. O estado tem perdido cada vez mais o controle das grandes corporações. E o discurso da sustentabilidade se tornou demagógico. Há uma irresponsabilidade estabelecida e que permeia todos os setores da sociedade. Estamos abafando a solução, e não perseguindo-a. Os países não se aliam porque todos querem proteger seus interesses, deixando em segundo plano os interesses do planeta. Abdicamos de lutar por uma mudança por acreditarmos que o caos é irreversível. Temos milhões de hectares de áreas degradadas e os recursos marinhos têm sido cada vez mais abusados. Confundiu-se o ecologista com radical, mas o radicalismo está na outra ponta. Precisamos ter a noção de que recursos naturais são finitos, devemos dar destino correto ao lixo, economizar água e usar energia elétrica com racionalidade. Precisamos ter respeito pelo patrimônio natural, estando atentos ao entorno e denunciando áreas em estado de degradação. O poder público não é cobrado por causas ambientais, e, por isso, não há austeridade. O que acontece com o patrimônio natural na sua cidade, no seu estado, no seu país e no mundo vai afetar a sua vida. Se destruirmos a biodiversidade, a natureza vai ter problemas e, por conseguinte, nós teremos problemas.