Dinheiro na mão | Fundação Copel


Dinheiro na mão em tempos de vendaval

Gustavo Cerbasi, o genial escritor de Best Sellers sobre finanças, conta, nesta entrevista exclusiva e na íntegra, o que você deve fazer com seus recursos nesse período de recessão que estamos vivendo.



Quem assistiu “Até Que A Sorte Nos Separe”, protagonizado pelo humorista Leandro Hassum, certamente deu boas risadas com o marido inconsequente e descontrolado quando o assunto é finanças pessoais. Sim, é divertido na ficção, mas crise financeira não tem lá muita graça na vida real. Vamos da comédia para o drama assim que saímos do cinema e nos damos conta de que a pipoca foi mais cara que o ingresso do filme. E vamos para a tragédia quando chegamos em casa e somos informados dos aumentos de preços. O filme citado se tornou grande sucesso de bilheteria, mas fenômeno maior foi o livro que o inspirou: “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, obra de não-ficção que superou a marca de um milhão de exemplares vendidos. A façanha é de Gustavo Cerbasi, uma máquina de best-sellers no campo das finanças. E, certamente, um guru a ser consultado nesse momento tão polêmico, conturbado e economicamente instável que estamos vivendo. Por isso, Toda Vida fez uma entrevista exclusiva com Cerbasi para trazer à tona respostas a perguntas que não querem calar. Vamos a elas.


Vamos levar em consideração que 2015 é um ano de cenário imprevisível e de muita ansiedade por parte dos empresários.Estamos vivendo turbulências em vários aspectos, não só no econômico, mas também no político e no institucional. Então, a grande estratégia em 2015 é a da defesa. Nós sempre ressaltamos a oportunidade que está por trás da crise, de ser um momento de fazer compras de ativos a preço baixo. É hora de comprar ações baratas. Porém, é preciso ter a ressalva da maior acessibilidade aos recursos, maior liquidez, que é justamente a grande recomendação quando o tema é a defesa. Então, no momento em que o Governo eleva a taxa de juros, ainda com possibilidade de aumentos, encontramos boas oportunidades na renda variável e também uma boa remuneração na renda fixa, que se mostra hoje muito mais atraente do que o dinheiro na bolsa ou a compra de um imóvel – obviamente não a renda fixa popular, na caderneta de poupança, mas a renda fixa nos títulos públicos e a negociação de CDBs com os bancos para quem tem valores maiores, porque o diferencial desses produtos é bastante significativo em comparação com o rendimento da poupança. Outra estratégia de defesaoportuna: não é o momento para comprar com financiamentos devido aos juros altos. Quem tem a necessidade de trocar de carro ou de comprar casa por algum motivo, a recomendação é que se reduza a expectativa do padrão de consumo, ou seja, que se adquira um veículo ou uma casa de padrão inferior ao que o bolso pode pagar, aumentando a verba para um consumo de lazer, de educação e de cultura, evitando parcelamentos de prazo muito longo porque, diante da inflação, nós precisamos ter de onde tirar recursos para um imprevisto. Então, prever verbas para o futuro é uma atitude pensada e a recomendação, de certa forma, é  otimista, pois, quando eu proponho que as pessoas consumam mais lazer, mais cultura, mais cuidados pessoais, mais experiências enriquecedoras, isso até colabora para nos prepararmos melhor para um período de instabilidade. Geralmente as pessoas que adotam esse comportamento mais conservador ficam mais tranquilas, com as reservas menos afetadas, com condição para depois aproveitar a recuperação da economia com muito mais consistência, enquanto outros passarão pelas dificuldades de um endividamento ou parcelamento de difícil quitação.