Arte | Fundação Copel

Há uma indagação recorrente que as pessoas fazem sobre os motivos de termos de apreciar a arte. De um modo ou de outro, todos consumimos arte, mas estamos nos referindo aqui às manifestações mais eruditas e aos clássicos, as peças consideradas “obrigatórias”. Toda Vida conversou com intelectuais ligados à arte para saber o que teriam a dizer sobre o supostamente indispensável consumo e apreço que devemos ter por livros, músicas, filmes e congêneres que são considerados indispensáveis. Especificamente sobre a importância de ler, fomos presenteados com um texto do consultor de marketing e escritor Eloi Zanetti que deixa claro o quanto esta atividade é indispensável em nossas vidas. Acompanhe.


O que pode fazer a diferença na sua carreira


A carência de um bom vocabulário faz a estagnação de carreiras promissoras. Para os cargos de maior relevância é preciso ir além do conhecimento técnico. Para ser líder é preciso saber se exprimir com clareza e de maneira lógica, dominar a arte de criar e contar histórias para poder indicar propósitos e fornecer senso de direção e pertencimento aos seus comandados e entender um pouco deste mundo em todos os seus contextos. Só uma sólida formação cultural pode lhe fornecer estas características e o hábito da boa leitura pode ajudá-lo.  

O que faz a diferença entre um bom profissional, o essencialmente técnico, e outro considerado um eminente na sua profissão, em qualquer área, é a formação humanística do segundo. E isto se dá somente pela leitura. Como alguém de fora da área médica arrisco-me a dizer que os médicos Adib Jatene e Ivo Pitanguy, por exemplo, são o que são pela formação cultural que conquistaram ao longo das suas carreiras. Percebe-se isso ao ler suas entrevistas, artigos e livros. Uma das maiores dificuldades da comunicação interpessoal, principalmente em ambiente de trabalho, é a falta de verbalização, ou seja, a falta de vocabulário. Muitos profissionais são ótimos no domínio técnico das suas matérias, mas péssimos na hora de explicá-las porque lhes faltam palavras para dar entendimento. Observamos excelentes engenheiros, bons laboratoristas e ótimos médicos que, na hora de passar conteúdo, travam. É fácil identificá-los, pois eles tentam explicar o que precisam tatibitateando em busca de palavras que não existem dentro de si. Os reflexos são claros: olham para cima remexendo os olhos, repetindo palavras e frases sem conexão, numa sucessão de pensamentos desarticulados. "Eu sei que sei, mas não sei explicar porque me fogem as palavras." Dizem quando necessitam esclarecer algo, principalmente em público.



Não é só para se expressar bem que precisamos de vocabulário: a posse de muitas palavras permite aumentarmos nossa criatividade. Com mais informações na memória, podemos fazer o que chamamos de polinização cruzada criativa, que é pegar uma informação de um lado, levar para o outro, cruzar com uma terceira e criar uma nova idéia. Quanto mais leitura, mais criativo você será. Quanto mais vocábulos dominar, mais dominará as relações do trabalho.

Sempre que converso com jovens, aconselho: “Quer crescer na carreira e fazer diferença na profissão, comece a ler.” No início leia de tudo, com o tempo aprenderá a fazer as melhores escolhas. Mas não se iluda: os resultados só virão a longo prazo; a leitura precisa de sedimentação para começar a fazer diferença na vida das pessoas. Mas, uma vez adquirido o hábito e incorporados os conteúdos, os resultados serão para o resto da vida.
 
As maiores desculpas para a não-leitura é a falta de tempo e o "eu não gosto de ler." A solução é começar devagar, para criar o hábito, escolhendo os livros fáceis de serem digeridos. Leve-os consigo aonde for, leia no ônibus, nas salas de espera e no banheiro - o melhor lugar para uma leitura tranquila. Arranje tempo, leia de madrugada quando perder o sono. Troque algumas horas dedicadas à televisão e à internet por algumas de leitura. Para pegar gosto descubra e frequente os grupos de leitura da sua cidade, leia os cadernos culturais e as resenhas literárias dos jornais e revistas. E para transmitir o prazer da leitura aos seus filhos, leve-os a frequentar livrarias, deixe ao alcance das suas mãos livros e revistas apropriadas à idade de cada um e, principalmente, conte histórias para eles na hora de dormir.

Eloi Zanetti