5) Como se prevenir e evitar a dependência?
É preciso reorganizar, redimensionar a maneira com que se faz uso da tecnologia. Aprender de novo a usar. Orientar escolas e pais sobre o uso saudável da tecnologia. O tempo deve ser controlado e monitorado, as regras e os acordos são muito importantes e devem ser levados a sério. É importante também equilibrar o tempo de uso com as demais atividades. E que a família tenha convívio social e atividades que envolvam as crianças e adolescentes. O esporte é muito importante, promove a convivência e o desenvolvimento infantil e na puberdade. Aliás, a atividade física é fundamental para todas as faixas etárias. Outras tarefas e atividades devem ser estimuladas, como andar de bicicleta, passear no parque, no zoológico, enfim, qualquer programa de entretenimento que não seja em um ambiente fechado e isolado.
É essencial brincar, conviver, cair, levantar, pular, ver coisas. Nosso corpo foi feito para se movimentar e não para ficar parado por horas na frente de um computador, videogame, tablet, televisão ou celular.
O grande problema na leitura desses sintomas, segundo Luciana, é que as pessoas só se dão conta dos efeitos colaterais de seu vício quando a situação avançou para muito além do limite. Ou seja, quando já se está obeso ou ninguém o convida para programas sociais há muito tempo. Também a ansiedade e a depressão podem ser efeitos que sinalizam o quanto a situação já se tornou drástica.
Outro cuidado importante é que, como se diz no popular, cada caso é um caso. A situação de criar perfis falsos em redes sociais, por exemplo, é, de acordo com Luciana, até vista como saudável por alguns psicólogos, mas essa leitura depende de uma análise específica da situação. “Por outro lado, pode ser a ponta do iceberg de um problema muito maior, ou seja, por que eu tenho que me passar por alguém que eu não sou?”, indaga. Em outras palavras, os sinais descritos aqui servem de alerta, mas necessitam de uma apreciação profissional para que se possa saber em que grau está o vício ou mesmo se ele pode ser classificado como uma dependência.
Um alerta importante fica para a vulnerabilidade de algumas pessoas frente aos encantamentos do universo digital, pois essas são mais suscetíveis a embarcar no vício. É o caso de pessoas com fobias sociais, pois elas acabam encontrando na web uma forma de ter contato com o outro sem haver um olho no olho, um toque ou mesmo uma convivência mais intensa. Uma pessoa viúva que tem interesse em construir um novo relacionamento também pode ser seduzida pela web e transformar a busca em vício. Porém, mais difícil do que apontar quem é um potencial viciado é afirmar quem não está no alvo, pois a web é vasta e tem seu canto de sereia para todos os públicos.
A propósito, nem mesmo uma profissional equilibrada e ciente das armadilhas do inconsciente pode facilitar quando o assunto é o vício tecnológico. Luciana e o marido fizeram um pacto de deixarem seus celulares para fora do quarto na hora de irem dormir. Sábia decisão de quem entende bem o quanto um simples aparelho eletrônico pode prejudicar as relações interpessoais, principalmente a conjugal.