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Por uma EXISTÊNCIA CENTENÁRIA


A edição impressa de Toda Vida levou aos leitores conselhos muito úteis sobre como levar uma vida com boas chances de se chegar aos 100 anos de idade. Porém, o tema está mais para assunto de livro do que de revista, tamanha sua amplitude, o que nos fez esticar o conteúdo com outros conhecimentos e entrevistados aqui em nossa edição digital. Acompanhe e tome nota, vai ser muito útil nas suas próximas décadas.

Felizmente, doenças absolutamente letais do passado já não são uma ameaça tão invencível, e isso engloba diversos tipos de cânceres. Até pouco tempo, o diagnóstico de um câncer e um atestado de óbito eram praticamente sinônimos. Mas a informação, como você viu aqui, é a palavra-chave para se enfrentar este ou qualquer outro inimigo da sua saúde. Ela é sua principal aliada para atingir os 100 anos de idade e além. O que você está fazendo neste momento, lendo esta revista, já é um sinal altamente favorável e comprovador de seu interesse em descobrir tudo o que pode melhorar sua caminhada rumo à longevidade. Mas, é claro, a leitura tem de estar acompanhada da prática daquilo que está contido nesta matéria. Isso passa por mudanças em hábitos cotidianos, em trocas sadias. E também por uma percepção mais sensível de tudo o que envolve seu corpo e mente. Um simples pigarro persistente, uma sensação de cansaço que vem se acentuando de maneira flagrante com o passar do tempo, uma irritabilidade acima do normal no ambiente doméstico, tudo isso corresponde a sinais de que algo está precisando de cuidados. 

Não se conforme com pequenas sensações de mal estar nem as negligencie. São alertas significativos e que podem trazer mensagens valiosas na prevenção de problemas maiores. A azia persistente pode anunciar uma úlcera estomacal futura, a rotina estressante pode ser o prólogo de um esgotamento nervoso, a escada que você sobe com dificuldade pode representar o avanço preocupante de uma insuficiência em sua atividade cardiorrespiratória. O controle dos fatores de risco está em suas mãos. 

Ninguém está subestimando o quão desafiador é trocar as tentações das frituras e do conforto sedutor proporcionado pelo sedentarismo, mas essas escolhas confortáveis hoje vão cobrar seu preço amanhã. Não se chega a 100 anos da noite para o dia. Mas, se tiver persistência e força de vontade, você pode mudar de vida do dia para a noite.


Meu coração chega aos 100?...

Para chegar a ser uma pessoa centenária, você precisa não apenas confiar nos avanços da medicina, mas também fazer sua parte para que tudo corrobore favoravelmente com sua longevidade. Para tanto, é necessário estar atento a fatores que colaboram e que prejudicam essa sua jornada rumo às tão almejadas 100 velinhas no bolo de aniversário. E isso significa, principalmente, estar alerta quanto ao seu coração. 

Grande atenção deve ser dada à hipertensão, que, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, atingirá cerca de 30% da população. Portanto, procure medir sua pressão com certa frequência e consulte um médico para saber como proceder no caso de uma hipertensão surgir em suas medições. O cardiologista Marcos Bubna lamenta haver campanhas contra certos tipos de doenças em detrimento de uma comunicação pública em prol dos exames cardíacos, já que são responsáveis pela grande maioria dos óbitos ocorridos em nosso país. E quem sobrevive a um infarto ou AVC, acaba arcando com sequelas que debilitam consideravelmente sua qualidade de vida. Quanto aos fatores preventivos, além do combate ao tabaco e o estímulo às atividades físicas e a uma dieta saudável, temos um fator curioso que é o consumo do Ácido Acetil Salicílico (o comprimido de Aspirina ou AAS), que age como um anticoagulante e destrói as plaquetas que se formam com o tempo em nossas artérias. Ele é aplicado em pacientes acometidos pela arteriosclerose, geralmente em doses pequenas, porém com uso diário. 

O Dr. Bubna não recomenda seu consumo por parte de pessoas que não apresentam cardiopatias, pois o medicamento tem efeitos colaterais, podendo gerar gastrite e outros problemas do trato digestivo, como úlcera de estômago. 

Também existem as estatinas, que são remédios de controle do colesterol. Considerados os remédios que mais revolucionaram a cardiologia nos últimos anos, elas são ministradas no controle do LDL e conseguem agir na contenção das plaquetas de gordura que se formam em nossas artérias. As novas drogas estão aí para aumentarem nossa sobrevida. Mas o melhor é dispensá-las, fazendo uso da boa alimentação e dos hábitos saudáveis, fatores que dependem só de você. 

Não é só o peixe que morre pela boca


Além da frase que intitula este trecho da matéria, há outros ditos da sabedoria popular que reforçam o quanto é importante nos alimentarmos adequadamente, como o “você é aquilo que come”. Portanto, fomos investigar qual é a dieta mais saudável possível para quem quer ter uma vida longeva. Nossa entrevistada, a nutricionista Mara Regina Cilião, deu valiosas orientações de como adicionarmos saúde e, por conseguinte, mais dias, meses e anos em nossa vida. E o mais bacana: o exercício da longevidade pode ser muito saboroso. 

Para Mara, todos os alimentos são importantes. Porém, os grãos, cereais, frutas e verduras não podem ficar de fora da nossa mesa. Logicamente que os alimentos devem ser adequados às limitações de cada indivíduo, por exemplo, pessoas com diabetes ou alergias têm de obedecer suas restrições. O que para muitos é saudável, para eles é veneno. 

A evitar: gorduras saturadas e trans. 
• A limitar: o sódio e o açúcar. 
A privilegiar: alimentos naturais, frutas, verduras, cereais integrais, grãos e sementes.

 Os alimentos ricos em fibras são muito importantes por facilitarem a digestão. Chia e linhaça são boas fontes de fibras. O farelo de aveia também entra na lista, com a vantagem de ainda combater o colesterol. Outro ponto relevante da fibra: ela dá sensação de saciedade, o que colabora para se evitar o sobrepeso, que é causa de doenças como o diabetes e os problemas cardiovasculares. Estima-se que o índice de obesidade vá aumentar ainda mais, gerando um problema grave de saúde pública. 

Variar a alimentação, com moderação na quantidade, também é uma regra valiosa para os aspirantes à longevidade. Temos a tendência de repetir os alimentos mais agradáveis ao nosso paladar, mas o correto é buscarmos variações que permitam nutrir nosso organismo de maneira ampla, o que não é possível quando limitamos nosso cardápio. E a moderação entra como o elemento de equilíbrio, pois o exagero a mesa resulta em obesidade e stress ao organismo. Um detalhe muito importante: é essencial mastigar bem os alimentos. 

Há componentes muito elogiados que merecem destaque, como o Omega 3, que protege nossa circulação sanguínea e melhora a imunidade. Ele está presente nas já citadas chia e linhaça, como também em oleoginosas como as amêndoas. A vitamina D ganha relevância por também colaborar com a imunidade e agir na calcificação dos ossos. A ressalva é a de que você deve tomar sol para que o processo de calcificação ocorra a contento. 

Mara afirma que “hoje temos condições de adotar uma alimentação saudável e os orgânicos são bons tanto para quem produz quanto para quem os consome”. Sua colocação se refere tanto ao fato de que os agricultores não são atingidos por herbicidas ao produzirem alimentos orgânicos, quanto ao de que o consumidor passa a se alimentar de maneira mais adequada, sem ingerir os restos de defensivos agrícolas. “Estamos retrocedendo e avançando ao mesmo tempo”, brinca, fazendo referência a dispensarmos cada vez mais um fruto da modernidade (os defensivos agrícolas) e buscarmos alimentos mais puros em sua origem, tal qual se fazia no início da agricultura. 

 Na parte de geneticamente modificados, Mara se posiciona de forma cautelosa, explicando que ainda não temos elementos de pesquisa suficientes para afirmar se são bons ou prejudiciais à saúde. Muita prudência também nas substituições, como a troca de uma refeição por um suco, e ainda nos complementos vitamínicos, pois os alimentos já contém todos os nutrientes que nosso organismo necessita, basta fazermos as escolhas certas. Então, muita atenção às suas escolhas no supermercado e na feira. Este é um exercício saboroso e que colaborará enormemente com a sua longevidade.